Introdução - I e II Coríntios

Introdução - I e II Coríntios


Que importância têm estes livros para nós, hoje? O que eles têm a dizer a respeito da nossa situação, da nossa vida, e dos nossos problemas? Fiquemos certos de que eles têm muito a dizer e ensinar à nossa geração.

O Espírito Santo inspirou estes escritos e determinou que fossem incluídos nas Santas Escrituras por razões muito especiais. Neles, Deus indica princípios pelos quais devemos viver se quisermos ter uma vida verdadeiramente cristã. Também, é de grande importância para todo crente o que diz o Espírito Santo nas Escrituras sobre a natureza do servo do Senhor.

Notem, então, as razões principais porque devemos estudar estas duas epístolas de Paulo:

1. O Valor Histórico            2. O Valor Teológico           3. O Valor Espiritual

 

1. O Valor Histórico

1 Coríntios revela a natureza e o problema duma igreja neotestamentária nascida em ambiente pagão. Em nenhum lugar no Novo Testamento podemos ter melhor retrato dos problemas enfrentados por uma igreja local do que nesta Epístola. Aprendemos que em meio às manifestações do Espírito Santo e o zelo religioso dos crentes, a igreja local não era perfeita e tinha muito que aprender. Outro ponto para a nossa consideração é a explicação sobre a adoração ou culto verdadeiramente carismático da Igreja primitiva.

2. O Valor Teológico

1 e 2 Coríntios não são uma completa exposição da doutrina cristã, mas tratam de preciosas verdades doutrinárias. Temos nelas o ensino sobre a glória do Evangelho, o amor, os dons espirituais, a ressurreição do crente, escatologia e santificação. Estas epístolas contêm mais teologia do que geralmente se supõe. Podemos ver com clareza que a teologia exposta por Paulo não é algo abstrato, irreal, mas intensamente relacionada à nossa vida, motivação e conduta.

3. O Valor Espiritual

Nestas cartas temos alguns dos segredos básicos da vida espiritual. Suas instruções sobre pecado, imortalidade e santidade, são altamente indispensáveis, hoje. Há nelas ensinos inigualáveis sobre o amor e a manifestação do Espírito Santo na vida do crente.

 

A Primeira Carta aos Coríntios

O livro de Coríntios, em si, é urna grande lição sobre como o crente deve viver, pensar, sentir, amar e aborrecer o mal. Algumas perguntas que o livro responde são as seguintes:

 Quais os segredos de um ministério cristão bem sucedido?

Quais os princípios necessários que o obreiro deve conhecer e praticar para cumprir sua chamada e ser frutífero perante Deus?

 

Quais os segredos de um ministério cristão bem sucedido?O verdadeiro pastor deve ser um servo. Deve ter a mente de servo (Fp 2.5 - HAJA EM VÓS O MESMO SENTIMENTO. Paulo enfatiza como o Senhor Jesus deixou a glória incomparável do céu e humilhou-se como um servo, sendo obediente até à morte para o benefício dos outros (v. 5-8). A humildade integral de Cristo deve existir nos seus seguidores, os quais foram chamados para viver com sacrifício e renúncia, cuidando dos outros e fazendo-lhes o bem.),

e estar disposto a colocar Cristo e as outras pessoas em primeiro lugar. Nem sempre é fácil fazer assim. Devemos orar pelos nossos líderes espirituais para que Deus lhes dê graça e força para serem genuínos servos daqueles a quem serve.

 

Quais os princípios necessários que o obreiro deve conhecer e praticar para cumprir sua chamada e ser frutífero perante Deus?

Um Cooperador na Semeadura (3:6 a 9)

Paulo diz que o pregador ou pastor é um semeador do Evangelho. A semente o Evangelho retrata o pregador trabalhando num campo. Outros cooperadores contribuem para o progresso desta seara espiritual, regando-a. Os coríntios deviam considerar-se como uma vinha plantada e lavrada pelos obreiros de Deus.

Paulo diz que um obreiro é tão necessário quanto outro, e que cada um faz aquilo que lhe foi atribuído por Deus. Porém, quanto a Deus, Ele fez aquilo que nenhum homem poderia fazer cuidou do crescimento. Os homens são meramente seus auxiliares.

Paulo declara que há diferença entre os homens.

Aprendamos de uma vez para sempre que depender de líderes é estultícia fatal. Aprendamos a dar valor à dádiva divina dos servos humanos, mas sem idolatrar a estes. Estes ministros são apenas cooperadores de Deus.

 

Um Construtor do Templo de Deus (3:10 a 23)

A Igreja é comparada a um templo e o ministro ou pastor, a um construtor, cuja responsabilidade é a de conservar o material do templo em ótimo estado. Paulo foi o construtor que Deus empregou para lançar o fundamento do trabalho em Corinto, e aquele fundamento era Cristo. Paulo, porém, adverte que todo homem ocupado na construção da Igreja deve ter muito cuidado com o que está fazendo. A seguir Paulo passa a descrever três tipos de obreiro: O construtor sábio espiritual (3:14);o construtor insensato e negligente (3:15); O “construtor”destruidor (3:17).

 

3.15 SOFRERÁ DETRIMENTO. A Bíblia assevera que todos os redimidos estão isentos do juízo divino para condenação (Jo 5.24; Rm 8.1; Hb 10.14-17). Há, porém, um juízo futuro para os crentes (1 Jo 4.17; Hb 10.30b), concernente ao grau de sua fidelidade a Deus e a graça que receberam durante esta vida na terra (v. 10; 4.2-5; 2 Co 5.10). Nesse juízo, há a possibilidade do crente, embora salvo, sofrer uma grande perda. O crente negligente corre o perigo de sofrer perda, a saber:

1) Sentimento de vergonha na vinda de Cristo (2 Tm 2.15; 1 Jo 2.28);

2) perda do trabalho que fez para Deus na sua vida (vv. 12-15);

3) Perda de glória e de honra diante de Deus (Rm 2.7);

4) Perda de oportunidade de servir e de autoridade no céu (Mt 25.14-30);

5) Posição inferior no céu (Mt 5.19; 19.30);

6) Perda de galardão (vv. 14,15);

7) Retribuição por injustiça cometida contra o próximo (Cl 3.24,25).

Esses textos bíblicos devem gravar em nossa mente a necessidade de uma dedicação total, inclusive fidelidade e abnegação no serviço de nosso Senhor (Rm 12.1,2)

 

3.15 - TODAVIA COMO PELO FOGO. A alusão ao "fogo", provavelmente, significa "salvo por um triz". Como alguém que está numa casa incendiada e escapa através do fogo, só com a vida. Ver essa figura em Jd. v.23. Deus avaliará a qualidade da vida, da influência, do ensino e do trabalho na igreja, de cada pessoa e, especialmente, de cada obreiro. Se sua obra for julgada indigna, ele perderá o seu galardão, mas, pessoalmente será salvo. Note que esse trecho não ensina a doutrina do purgatório; refere-se a um julgamento de obras, e não à purificação da pessoa quanto aos seus pecados.

 

3.16 - SOIS O TEMPLO DE DEUS. A ênfase, aqui, recai na congregação inteira, os crentes como o templo de Deus e como a habitação do Espírito Santo ( v. 9; 2 Co 6.16; Ef 2.21). Como o templo de Deus em meio a uma sociedade perversa, o povo de Deus em Corinto não devia participar dos pecados prevalecentes naquela sociedade. Devia rejeitar todas as formas de imoralidade. O templo de Deus deve ser santo (v. 17), porque Deus é santo .

 

O despenseiro das riquezas de Deus (4:1 a 7)

Os coríntios não davam valor suficiente aos apóstolos de Jesus Cristo. Dizendo-se de Apolo, desonravam Paulo. Daí, o apóstolo dizer: “que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (v.1). Deus, e não os Coríntios tem o direito de avaliar os méritos de seus obreiros. Paulo declara que o ministro é um despenseiro. O despenseiro era quase sempre um escravo que cuidava dos bens do seu senhor, respondendo pelos mesmos, diante dele. Ë a lição da fidelidade.

Mas Paulo não proíbe toda forma de julgar. Pregadores e mestres que ensinam falsas doutrinas devem ser julgados e isolados (Rm 16.17). Mas quanto aos fiéis ministros da Palavra, não devemos julgar qual deles é o mais importante; o maior ou o menor, pois todo e qualquer julgamento humano nesse sentido será falho.

Paulo declara que a fidelidade deles será revelada no futuro, quando o Senhor voltar. Só então as obras serão julgadas, quando o Senhor trouxer à luz as coisas escondidas nas trevas. Cada um recebera seu louvor da parte de Deus de acordo com sua fidelidade como servo e no que respeita a qualidade do seu serviço.

4.5 - MANIFESTARÁ OS DESÍGNIOS DOS CORAÇÕES. Deus trará à luz os atos secretos de toda pessoa e revelará seus verdadeiros pensamentos e motivos, tanto os bons quanto os ruins (Mt 6.3,4,6; 1 Tm 5.24,25;. Noutras palavras, a vida interior de cada pessoa será revelada com exatidão conforme o caso; nada permanecerá oculto (Mc 4.22; Lc 12.2,3; Rm 2.16)

Nos v.6 e 7, Paulo resume o assunto inteiro. Devem amar honrar seus lideres espirituais e obedecer-lhes ao ensinarem

A situação espiritual dos coríntios é tão séria, que Paulo já não pode refrear suas reações até então controladas. Com ironia, ataca o orgulho carnal deles. Contrastou a exaltação e co vencimento deles com as necessidades e aflições diárias do apóstolo. Eles se sentiam como reis, sem precisarem de nada. Na sua arrogância, já não eram os mansos aos quais Jesus prometeu a terra como herança (Mt 5.5).

4.7 - POR QUE TE GLORIAS? A base da humildade cristã é reconhecer que os talentos inatos e os dons espirituais que possuímos provêm de Deus e, portanto, não são motivo para superioridade, status ou orgulho. Tudo quanto possuímos e tudo quanto viermos a ser vêm de Deus diretamente ou por meio de outras pessoas. Daí, não temos lugar para o orgulho, mas somente para a gratidão a Deus e ao próximo.

 

4.8 - ESTAIS FARTOS!...ESTAIS RICOS! Alguns, em Corinto, jactavam-se da sua sabedoria, do seu conhecimento superior e dos seus dons espirituais. Já possuíam tudo quanto queriam; estavam "fartos", "ricos" e "reinavam". Paulo, lhes mostra que a verdadeira vida do crente fiel é o caminho da cruz, e que o sofrimento antecede a glória (Rm 8.17).

 

Cap.4.v.9 - Qual deve ser a condição dum verdadeiro servo de Deus?

 Paulo começa a explicá-la no v.9. Ele compara a condição dos apóstolos à de homens sentenciados à morte, certamente referindo-se aos condenados no anfiteatro. Um espetáculo aos olhos do céu e da terra. Homens condenados à morte e à miséria (v.9). Por causa dos apóstolos serem seguidores de Cristo, são todos os espetáculos aos olhos do mundo. E este sofrimento, Paulo os lembra, continua até a presente hora (v.11).

Muitos homens gostariam de ter o ministério e a influência que o apóstolo Paulo tinha, mas poucos estão dispostos a sofrer e pagar o preço daquele ministério.

 

4.9-13 - APÓSTOLOS... CONDENADOS À MORTE. Nos versículos 9-13, Paulo alista as provações sofridas pelos apóstolos. O verbo "pôs" sugere que Deus reservou para os apóstolos uma vida de sofrimento, testemunhada pelo mundo, pelos anjos e pela igreja.

1) A Paulo faltam (naquele momento) coisas tais como comida, água e roupas apropriadas. Enfrenta desprezo, tratamento rude e não tem moradia certa. Labuta de dia e de noite, sofre maledicência, perseguição e calúnia; é considerado o refugo deste mundo, "a escória de todos" (2 Co 4.8,9; 6.4,5, 8-10; 11.23-29; 12.10).

2) Embora o sofrimento fosse, em certo sentido, algo específico no ministério apostólico (At. 9.16), não deixa de ser, também, o destino comum de todos os crentes que, unidos a Cristo, opõem-se ao pecado, à imoralidade, a Satanás, aos males do mundo e à injustiça. O sofrimento destes é considerado uma comunhão, uma participação nosso frimentos de Cristo (Rm 8.17; Fp 1.29; 3.10; 1 Ts 3.3).

 

O Amor de Pai (v.15-21)

O verdadeiro ministro de Deus deve ter amor de pai para com o rebanho que lhe é confiado. O apóstolo Paulo tinha esta virtude.

4.20 - O REINO DE DEUS CONSISTE EM VIRTUDE. O "Reino de Deus" não consiste em palavras, mas em poder. Assim sendo, os membros desse reino precisam ter mais do que palavras e mensagem; devem manifestar também o poder do Espírito Santo, (2.4; At. 1.8). No NT, esse poder consiste na capacidade espiritual de convencer as pessoas do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8), de levá-las à salvação (v. 15; At 26.16-18), de operar milagres e de viver uma vida de retidão (Rm 14.17)

 

TEMAS ABORDADOS EM I CORÍNTIOS

Passaremos agora a analisar o importantíssimo conteúdo dos principais temas da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios.

Os assuntos aqui tratados foram vivenciados por uma igreja nas primeiras décadas do cristianismo, mas revela-nos, de maneira particular e atual, a necessidade que temos como igreja deste século, pois, inspirada que é, seus valores são para todos os tempos.

 

1. PROBLEMAS DE ORDEM ESPIRITUAL E MORAL

Tendo sido informado da desordem dos irmãos em Corinto, Paulo exorta a igreja, conduzindo os irmãos a uma conduta centrada no Modelo, que é Crista.

 

1. O partidarismo (1.10-17). O primeiro assunto tratado foi o partidarismo.

1.12 - EU SOU DE PAULO... DE APOLO... DE CEFAS. Começaram a surgir facções entre os dirigentes da igreja de Corinto. Alguns membros da igreja passaram a considerar mais a certos ministros do evangelho do que o próprio evangelho. Paulo condena essa atitude, e os faz lembrar que nem ele, nem qualquer outro homem foram crucificados por amor a eles. Esse mesmo erro ainda existe hoje. Que desencadeava divisões e contendas na igreja. Alguns consideravam o cuidado e a autoridade de Paulo; outros viam em Apolo um ótimo pregador; alguns - provavelmente judaizantes - estimavam Pedro, o apóstolo dos judeus; outros, ainda, desanimados ou pretensiosos, diziam simplesmente seguir a Cristo. O culto à personalidade tem sido modismo em muitos ministérios, em todos os tempos do cristianismo! Paulo combate tal atitude. Deus abomina qualquer divisão em sua igreja.

Alguns crentes se apegam mais a um certo pastor ou evangelista do que a Cristo e à sua Palavra. Essa atitude pode torná-los infiéis aos princípios cristãos e até mesmo levá-los a dividir a igreja. Sempre devemos tomar o cuidado de concentrar nosso amor, devoção e lealdade em Deus e na sua Palavra; não em qualquer pastor ou outra pessoa.

 

1.12 - E EU, DE CRISTO. O "partido de Cristo" provavelmente consistia dos falsos mestres que eram inimigos do apóstolo (4.18,19) e que alegavam ter espiritualidade e "sabedoria" superiores. Acreditavam que seus conhecimentos ("ciência", 8.1) os isentavam das restrições da lei (6.12; 10.23) e das exigências da moralidade (5.2). Estavam procurando induzir a igreja para o seu evangelho distorcido (2 Co 11.4,20,21). É contra eles e contra os seus discípulos em Corinto, que Paulo sustenta um conflito.

 

1.17 - CRISTO ENVIOU-ME NÃO PARA BATIZAR. Paulo não está depreciando o ensino de Cristo a respeito do batismo (Mt 28.19). Pelo contrário, deixa claro que delegou aos seus auxiliares o trabalho de batizar, assim como fizeram Cristo (Jo 4.1,2) e Pedro (At 10.47,48). O apóstolo não quer dar lugar a que seus convertidos vangloriem-se, dizendo que foram "batizados em nome de Paulo" (v.13), o qual concentrava seus esforços na pregação do evangelho.

 

2. A imoralidade (5.1). A permissividade dos coríntios chegou ao ponto de ignorar pecados grosseiros, como o caso do irmão que mantinha relacionamento com a madrasta. A falta de disciplina na igreja contribuía para uma degradação moral, contaminando muitos irmãos (5.6).

 

5.1 - HÁ ENTRE VÓS FORNICAÇÃO. Paulo passa a escrever sobre um informe recebido, de imoralidade na igreja de Corinto e a recusa dos seus dirigentes quanto a disciplinar o culpado (vv. 1-8). Paulo declara que a igreja, sendo um povo santo, não deve permitir nem tolerar a imoralidade entre seus membros. Cita três razões por que a igreja deve disciplinar um membro culpado:

1) Para o bem do culpado (v.5). A exclusão pode despertá-lo para ver a tragédia do seu pecado e sua necessidade de perdão e restauração.

2) Por amor à pureza da igreja (vv. 6-8). Tolerar a iniqüidade numa igreja é rebaixar paulatinamente o padrão moral de todos.

3) Para o bem do mundo (v.1). A igreja não poderá ganhar homens e mulheres para Cristo, se ela mesma for semelhante ao mundo (.Mt 5.13).

 

5.1 - QUEM ABUSE DA MULHER DE SEU PAI. Qual foi o pecado exato, aqui, não está claro. Paulo, ao referir-se à mulher do pai daquele transgressor, provavelmente, quis dizer que havia um envolvimento sexual deste com a sua madrasta.

1) Paulo ficou pasmado e horrorizado, porque a igreja estava tolerando semelhante imoralidade em seu meio. Ele sabe que isso é ainda mais grave do que a própria transgressão do indivíduo.

2) A permissividade dos coríntios é semelhante à de muitas igrejas da atualidade que toleram e silenciam sobre a imoralidade entre seus membros, inclusive o adultério e todas as formas de fornicação. As intimidades pré-conjugais, especialmente entre a juventude da igreja, não somente são toleradas, mas, às vezes, até mesmo justificadas, alegando-se amor e compromisso mútuo. Poucos dirigentes de igrejas falam abertamente, em nome de Cristo, da prática do namoro imoral entre a juventude. Como faziam os líderes da igreja de Corinto, os tais não lamentam o fato da corrupção do povo de Deus, que se torna cada vez mais semelhante à sociedade à sua volta. Esses dirigentes, na sua auto - complacência, permitem o pecado, porque, conforme alegam, "vivemos em tempos modernos, e não devemos ser vistos como juízes.

 

3. A injustiça (6.1-8). Irmão contra irmão, perante tribunais constituídos de juízes ímpios! Era assim que eles buscavam resolver seus problemas, expondo a igreja à vergonha. Paulo os exortou, mostrando-lhes que haveremos de julgar o mundo e os anjos. Porém, eles estavam longe desta revelação.

 

 6.1 - IR A JUÍZO PERANTE OS INJUSTOS. Quando ocorrem disputas banais (v. 2) entre os cristãos, isso deve ser julgado na igreja e não na justiça secular. A igreja deve julgar entre aquilo que é certo ou errado, dar seu veredito e disciplinar o culpado, se necessário for.

1) Isso não significa que o crente não possa ir à justiça, em casos graves ligados a incrédulos. O próprio apóstolo

Paulo apelou ao sistema judiciário mais de uma vez (ver At. 16.37-39; 25.10-12).

2) Paulo não está dizendo, tampouco, que a igreja deve permitir que seus membros abusem ou maltratem ilicitamente os inocentes, como viúvas, crianças ou os indefesos. Pelo contrário, Paulo fala de questões em que é difícil determinar quem tem razão. Casos pecaminosos ostensivos não devem ser tolerados, mas tratados de conformidade com as instruções de Cristo em Mt 18.15-17.

3) Além disso, quando um suposto "irmão" se divorcia ou abandona sua família e se recusa a sustentar sua esposa e filhos com pensão alimentícia, uma mãe, com motivos justos e ante a necessidade dos filhos, pode apelar à justiça. Paulo não defende a idéia de deixar os violadores da lei defraudarem o próximo, nem serem uma ameaça à vida ou ao bem-estar dos outros. Sua declaração no versículo 8, indica que ele está falando das disputas mínimas, em que a injustiça sofrida pode ser suportada e tolerada.

 

II. ORIENTAÇÃO SOBRE CASAMENTO E LIBERDADE CRISTÃ

O casamento promove um relacionamento santo entre um homem e uma mulher. A liberdade mal entendida pode levar a extrema de grande risco para a vida cristã.

 

1. A vida conjugal (7.1-40). Paulo começa este assunto respondendo perguntas a ele endereçadas. Observamos também que nem todas as declarações são mandamentos, mas conselhos e sugestões do servo de Deus. Por ser basicamente uma cidade pagã, notamos a preocupação do apóstolo em salientar o casamento e sua permanência por causa da prostituição (naquele tempo, um dos maiores males sociais, estimulado pelas religiões pagãs, inclusive em suas formas de culto). A fidelidade e dedicação do cônjuge crente é um fator positivo para uma santificação no lar. Vale dizer que este capítulo 7 não contém toda a doutrina neotestamentária sobre o casamento.

 

2. A liberdade cristã (8.1-13). A idolatria se destacava acentuadamente em Corinto. Alguns irmãos, por se acharem amadurecidos nesta questão, participavam de festas pagãs, causando escândalo e levando os irmãos mais fracos a tropeçar. Paulo alertou: “Todas as cousas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam” (1023). Não podemos também aproveitar a liberdade que temos em Cristo para dar ocasião à carne (GI 5.13). Temos liberdade sim, porque Cristo nos libertou. Mas, libertou do pecado e suas conseqüências.

 

III. ACERCA DA ADORAÇÃO E DA RESSURREIÇÃO

 

1. O culto cristão (11.2-16;14.20-40). O culto, no seu aspecto público, refletia certa desordem. Devido ao contexto social em que se encontrava a igreja, fez-se necessário dar uma orientação concernente ao papel do homem e da mulher nas reuniões da igreja.

 

2. A Ceia do Senhor (11.17-34). Com sentimentos de futilidade, os coríntios desprezavam o momento máximo da reunião da igreja, que era a Ceia do Senhor. Paulo advertiu os irmãos a buscarem discernimento, para que não incorressem em sua própria condenação.

11.27 - COMER... BEBER... INDIGNAMENTE. Comer indignamente é participar da mesa do Senhor com um espírito indiferente, egocêntrico e irreverente, sem qualquer intenção ou desejo de abandonar os pecados conhecidos e de aceitar o concerto da graça com todas as suas promessas e deveres. Quem participa assim indignamente, peca terrivelmente contra o Senhor. É culpado de crucificar de novo a Cristo e torna-se imediatamente sujeito a juízo e retribuição específicos (vv. 29-32). Ser "culpado do corpo e do sangue do Senhor" significa ser considerado responsável pela sua morte.

 

11.32 - SOMOS REPREENDIDOS PELO SENHOR. O propósito do julgamento e castigo pelo Senhor (v. 30) é para que não sejamos condenados eternamente com o mundo. Esse propósito misericordioso de Deus é válido para todos quantos se arrependem dos seus pecados e se julgam a si mesmos devidamente (v. 31). E, no capítulo 12, orientou sobre o uso dos dons espirituais, a fim de promover edificação para a igreja e não gerar confusão ao descrente.

 

3. A ressurreição (15.1-58). Este é o maior capítulo bíblico sobre a ressurreição. Como havia opositores desta doutrina, o apóstolo apresenta provas irrefutáveis, citando testemunhos e fatos históricos (vs. 5-8). A negação desta verdade compromete a mensagem do evangelho cristocêntrico e a esperança de todos os que morreram em Cristo (vs. 13-19).

15.51 - UM MISTÉRIO. O mistério que Paulo revela é que quando Cristo voltar do céu para buscar a sua igreja, os crentes que ainda estiverem vivos na terra terão seus corpos em um instante transformados, feitos imperecíveis e imortais.

 

15.51 - NEM TODOS DORMIREMOS. O emprego que Paulo faz de "nós", indica que ele esposava a perspectiva do NT, i.e., de Cristo vir buscar os fiéis ainda naquela geração. Embora Cristo não tenha voltado durante a vida de Paulo, este não estava confundido. O apóstolo tinha razão ao crer assim, porque sabia que Cristo poderia voltar a qualquer momento. Todos aqueles que esperam a volta de Cristo, durante a sua vida aqui, crêem da mesma forma. As palavras de Jesus e a totalidade do NT conclamam todo crente a crer que estamos na última hora, e, que ele deve viver na esperança que Cristo voltará durante a sua vida (1.7,8; Rm 13.12; Fp 3.20; 1 Ts 1.10; 4.15-17;

Tt 2.13; Tg 5.8-9; 1 Jo 2.18,28; Ap 22.7,12,20; ). Logo, aqueles que não o aguardam já nesta vida, não estão vivendo de conformidade com o padrão apostólico.

 

CONCLUSÃO

Os temas aqui abordados, mostrando que mesmo uma igreja possuindo todos os dons, como a igreja de Corinto (1.7), não está isenta de problemas carnais. Porém, temos também orientações sábias, para prosseguir crescendo em nossa vida espiritual. O maior incentivo é o próprio Deus que em nós habita (6.19).

 

1.7 - NENHUM DOM VOS FALTA. Paulo elogia os coríntios porque Deus, na sua graça (v. 4), lhes outorgou dons espirituais específicos.

Esses dons são valiosos e indispensáveis para corroborar o ministério do Espírito Santo na igreja; sem eles, os crentes deixam de fortalecer e de ajudar uns aos outros como Deus deseja. Em lugar nenhum desta epístola, Paulo descarta esses dons. Pelo contrário, ele procura mudar a atitude dos coríntios concernente aos dons espirituais, de modo que eles os usem segundo o propósito de Deus.

 

1.7 - ESPERANDO A MANIFESTAÇÃO DE NOSSO SENHOR. Os cristãos primitivos viviam na expectativa da volta de Cristo para os seus dias. Tinham uma fé firme no fato da vinda do Senhor, vivendo cada dia na expectativa daquela grande esperança. Note que a esperança do cristão é a volta pessoal do Senhor Jesus Cristo, e não o conjunto geral dos eventos que assinala os últimos dias (1 Ts 1.10; 4.13-17; Tt 2.13; Hb 9.28

Paulo não tratou, nesta Carta, de doutrinas, como o fez em Romanos, Gálatas, Efésios, Colossenses, por exemplo. Mas desenvolveu muito bem ricos ensinos sobre a vida cristã, na sua prática. O valor de uma literatura inspirada não pode ser analisado sob um único aspecto, pois necessitamos de todos os ensinos da parte de Deus.

 LEIA>>>> II Coríntios