Atos dos apóstolos estudo

Atos dos apóstolos estudo

 

O livro de Atos foi endereçado a certo oficial romano de nome Teófilo. Certamente o autor sentiu necessidade de dar um esclarecimento acerca do cristianismo às autoridades romanas.

Em seus escritos, Lucas, o autor do livro, esclareceu que não se tratava de um novo movimento herético, proveniente do judaísmo, nem tampouco um movimento político que pretendesse agredir as autoridades romanas.

Por conseguinte, não deveria ser temido ou perseguido, pois não se tratava de um movimento traiçoeiro. Pelo contrário, as boas novas anunciadas primavam pela paz, pela obediência e temor a Deus. Portanto, seus seguidores mereciam proteção e liberdade para proclamarem livremente a mensagem do Senhor Jesus para o homem.

 

1.1. Elo entre os Evangelhos e as Epístolas

Ao se chegar ao livro de Atos dos Apóstolos, encontra-se um elo importante e necessário entre a narrativa histórica dos quatro Evangelhos e as exposições teológicas das Epístolas. Sendo assim, não se pode abrir mão de um minucioso estudo desse livro, se não perde - se essa ponte histórica e teológica, o que provocaria um vazio no entendimento das propostas do Espírito Santo para as igrejas de ontem, de hoje e de amanhã.

 

1.2.0 Evangelho de Lucas e o livro de Atos dos Apóstolos

O livro de Atos dos Apóstolos é uma seqüência do Evangelho escrito por Lucas, que termina a narrativa do evangelho com Jesus orientando seus discípulos a ficarem em Jerusalém até que fossem revestidos de poder (Lc. 24.49) e, subindo para o Pai (Lc 24.50-53).

O livro de Atos dos Apóstolos narra com detalhes, nos seus dois primeiros capítulos, esse maravilhoso acontecimento, o estabelecimento da Igreja, seu crescimento, as atividades dos líderes e dá evidências da realidade e da presença do Espírito Santo.

 

1.3.0 autor

O apóstolo Lucas, escritor do terceiro evangelho, é o autor de Atos dos Apóstolos (At 1.1-3), tendo direcionado os seus escritos ao mesmo destinatário, Teófilo (Lc 1.3, At 1.1). O autor, Lucas, foi testemunha ocular dos fatos narrados por ele, pois as expressões “nós” e “nos” aparecem cerca de 94 vezes nos escritos (At 16.10,17; 20.6-13; 21.1-18; 27.1; 28.16). Lucas, o médico amado (Cl 4.14), foi um grande cooperador do apóstolo Paulo (Em 24). Pouco se sabe a respeito de sua vida, porém acredita-se que ele foi um dos setenta discípulos enviados por Jesus a evangelizar. Lucas acompanhou o apóstolo Paulo a Jerusalém, quando Paulo é preso (At 21.18,21). E, posteriormente, fez com ele a viagem para Roma (At 27.1,2), estando com Paulo na sua primeira prisão. Segundo a tradição, Lucas era natural de Antioquia da Síria e morreu enforcado numa oliveira, na Grécia, após ter pregado o evangelho no sul da Europa.

 

1.4. Título

Atos dos Apóstolos, como todo o livro do Novo Testamento, não dispunha de um título original. O título “Atos dos Apóstolos” foi aceito pela maioria dos cristãos no século II, apoiado pelos principais doutores da igreja primitiva como Irineu, Tertuliano e Clemente de Alexandria.                        Outros títulos foram dados a essa obra, que une os Evangelhos às Epístolas, como:

 “Atos de Transações dos Apóstolos”, “Atos dos Santos Apóstolos”, “Atos, Cristianismo Moderno”, ‘O Evangelho do Espírito Santo”, “Livro da Ressurreição” e “Atos do Espírito Santo’.

 

1.4.1. Conteúdo

É composto de 28 capítulos e 1007 versículos.

 

1.4.2. Propósito do Livro

Apresenta a expansão do Cristianismo e alguns episódios sobre a vida dos apóstolos. Abrange os trinta primeiros anos do Cristianismo.

 

1.4.3. Peculiaridades

• Une as duas grandes partes do Novo Testamento: Evangelhos e Epístolas;

• E um testamento histórico sobre a origem da igreja;

• E uma carta apologética, isto é, uma defesa do evangelho;

• Apresenta a maneira de viver da igreja no primeiro século (At 2.41-47; 4.32-35);

• Apresenta as oposições e o cumprimento da missão pela Igreja;

• E o modelo divino para as nossas igrejas;

• Apresenta o agir do Espírito Santo na igreja.

 

2.COMO ESTUDAR O LÍVRO DE ATOS DOS APÓST0LOS

 

• Estudá-lo dividindo-o em seções de estudo, que irão facilitar o entendimento dos textos sagrados;

• Estudá-lo de posse de mapas dos primeiros séculos da igreja, que irão facilitar a localização das regiões, cidades e viagens dos apóstolos.

• Estudá-lo, observando os esboços e divisões do livro de Atos dos Apóstolos. Para facilitar, apresentamos algumas divisões de estudo.

 

2.1. Quanto aos capítulos

• Os dois primeiros capítulos narram à promessa de descida do Espírito Santo e Seu derramamento sobre os primeiros cristãos, em Jerusalém;

• Nos capítulos três a oito, vemos a expansão local e nacional da igreja;

• Nos capítulos nove a vinte e oito, observamos a expansão mundial da igreja;

• Interessante notar que, nos capítulos um ao doze, Jerusalém é o centro evangelístico, e o apóstolo Pedro é a figura principal, e o evangelho é pregado avançando em direção à Judéia e Samaria;

• Nos capítulos treze a vinte e oito, o centro irradiador da Palavra de Deus é agora Antioquia, sendo o apóstolo Paulo a figura principal, que leva a Palavra de Deus a todo o domínio romano, alcançando os judeus, judeus da dispersão e gentios ao mesmo tempo.

 

2.2. Quanto à expansão da igreja

• A igreja de Jerusalém (At. 1.14);

• O derramamento do Espírito Santo (At. 2.4);

• A igreja da Palestina e da Síria (At. 8.5);

• A igreja perseguida se expande (At. 9.31);

• O cristianismo chega aos gentios (At. 12.24);

• O Concilio de Jerusalém (At.15.1-35);

• A igreja dos gentios (At.28.28).

 

2.3. Quanto ao ministério de Paulo

• Paulo empreende sua primeira viagem missionária (At.13. 1; 12);

• Paulo empreende sua segunda viagem missionária (At.15.40,41; 16.1-8);

• Paulo empreende sua terceira viagem missionária (At.19.1,21-23);

• Paulo é preso e continua desenvolvendo seu ministério (At. 21.30-40; 22; 23; 24; 25; 26; 27; 28);

• o ministério final do apóstolo Paulo (At.28.30,31).

 

3. A FUNDAÇÃO DA IGREJA

A fundação da igreja inclui a comissão dos discípulos do Senhor para o trabalho (At. 1.1-1l) e a descida do Espírito Santo, conferindo e outorgando poder (At. 2.15-21).

Enquanto Jesus esteve aqui na terra, no exercício do Seu ministério, a Igreja não foi estabelecida, pois o Senhor Jesus falando a Pedro indica que ela (Igreja) era fritura: (Mt 16.18). E que a pedra fundamental a que se referia, era Ele próprio: Jesus (At. 4.11; Ef 2.20). O verbo “edificarei”, no futuro, ressalta que a Igreja seria estabelecida após a ascensão do Senhor aos céus (Lc 24.50-53).

 

3.1. A ação do Espírito Santo na Igreja

A missão e a vida da igreja primitiva seriam impossíveis sem a ação do Espírito Santo. Atos dos Apóstolos leva a compreender que o Espírito Santo desempenhou liderança dentro da igreja primitiva. Os crentes eram obedientes à Sua voz, e Deus operava batizando-os, curando-os, libertando e salvando. Cheio do Espírito Santo, o apóstolo Pedro pregou sermões; Estevão, cheio do Espírito Santo, não se calou e, sendo apedrejado, viu os céus abertos e o Filho do homem em pé, à mão direita de Deus; Filipe, o diácono, cheio do Espírito Santo, pregou ao eunuco, mordomo-mor de Candace, e suas filhas, cheias do Espírito Santo, profetizavam; cheio do Espírito Santo, Paulo ora, e Eutico é ressuscitado; um coxo é curado, e com a imposição de mãos os crentes eram batizados no Espírito Santo.

 

3.1.1. Sofrendo tribulações

Ao ler Atos dos Apóstolos, o crente é conclamado a buscar mais a Deus em oração, pedindo renovação espiritual, para não se abater diante dos obstáculos e lutas e, quando eles surgirem, fazer como os apóstolos que, depois de terem sido açoitados, encarcerados e acorrentados, “perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus” (At. 16.25).

 

3.1.2. Reverência à Palavra

É importante sempre orar a Deus, antes de abrir a Bíblia para estudá-la, e meditar na Palavra do Senhor, pedindo ao Espírito Santo que nos ajude e capacite.

 

3.2. Algumas províncias e cidades que aparecem no livro de Atos dos Apóstolos

• Lícia — ao Sul do monte Tauro e defronte à ilha de Rodes (At.27.5);

• Cilícia — situada entre o monte Taum e o mar. Capital Tarso (At.6.9);

• Panfífia — tinha Cilícia a leste, e Lícia a oeste; foi visitada pelo apóstolo Paulo duas vezes (At.

14.24);

• Mísia — em uma das províncias do litoral do mar Egeu, sendo a mais setentrional (At. 16.7-8);

• Cúria — dessa província, a Bíblia faz referências às cidades de Mileto e Cnido (At. 20.15; 27.7);

• Bitínia — uma das maiores províncias no litoral do mar Egeu (At. 16.7);

• Ponto — também era uma das províncias do litoral do mar Egeu. No livro de Atos está registrado que, no dia de Pentecostes, judeus desses lugares - tiveram em Jerusalém (At. 2.9);

• Galácia — conhecida como uma das províncias do interior ficava encravada entre Licaônica, Capadócia e Frígia (At 16.6).

 

CONCLUSÃO

Atos dos Apóstolos leva o leitor a compreender o significado do verdadeiro estilo de vida dos crentes da igreja primitiva, que viveram na sinceridade, na esperança de verem as promessas se cumprirem em suas vidas e, diante dos obstáculos, não retrocederam. Atos dos Apóstolos é, pois, o livro cujo conteúdo traduz o esforço, a dedicação e o sofrimento dos primeiros crentes no desejo de ver o evangelho proclamado. Exemplo esse, digno de ser imitado.

 

 

Estudando o Livro de Atos

Um dos maiores eventos para os cristãos: a descida do Espírito Santo (At. 2.4). Foi o marco da inauguração da Igreja do Senhor Jesus aqui na terra.

Aos cento e vinte homens e mulheres, que aguardavam o cumprimento da promessa de Jesus, reunidos ali no Cenáculo, veio uma experiência que resultou em completa mudança de suas vidas.

 

1 - O BATISMO NO ESPÍRITO

O batismo com o Espírito Santo é uma dádiva de Deus concedida ao crente. E a vinda do Espírito Santo que enche plenamente o coração do servo de Deus, revestindo-o de poder e encorajando-o para proclamar o Evangelho (At. 1.8; 6.8).

Os discípulos de Jesus são exemplos disso. Eles já haviam confessado o nome de Jesus antes de serem batizados com o Espírito Santo (Mt 16.16; Jo 6.68,69); Jesus João havia declarado limpo (Jo13. 10,11; 15.3).

Jesus já havia soprado sobre eles, dizendo: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22). Os samaritanos que deram crédito à pregação de Felipe iam sendo batizados nas águas (At 8.12b) e, mais tarde, receberam o batismo com o Espírito Santo (At R.l6, 17).

Os discípulos em Éfeso não conheciam a experiência do batismo com o Espírito Santo quando creram, mas quando Paulo os visitou, impôs- lhes as mãos e o receberam “falando línguas e profetizando” (At 19.1-6).

 

3.1. Como receber esse batismo

Existem situações necessárias para aqueles que desejam receber essa gloriosa dádiva divina que é o batismo com o Espírito Santo.

3.1.1. Arrependimento

No dia de Pentecostes, Pedro admoestou o povo para que se arrependesse, a fim de receber o batismo em águas e, conseqüentemente, o batismo com o Espírito Santo (At. 2.38).

Arrependimento é, pois, o primeiro passo para receber esse poder especial.

3.1.2. O que crê, recebe Essa promessa começou a ser derramada em Jerusalém (At. 2.14- 16), depois em Samaria (At. 8.14-17), em Cesaréia (At. 10.44-16), em Éfeso (At. 19.1-6) e continua nos nossos dias sendo derramada. Não importa onde, nas cidades, nos campos, nos templos suntuosos, na pequenina igreja rural, onde houver um crente fiel a Deus, que crê na promessa (At 2.38,39), este poder estará sendo outorgado.

A fé é, sem dúvida, um dos grandes fatores para o crente receber o revestimento de poder.

3.1.3. Busca incessante

Quem deseja o batismo no Espírito Santo deve ser perseverante na busca através da oração; assim ensinava o amado Mestre Jesus (Lc. 11.13). Seguindo essa orientação, a igreja orou unanimemente até ocorrer o glorioso derramamento do Espírito Santo (At. 2.1-4). O crente que já recebeu esse dom divino deve-se esforçar para que o fogo nunca se apague (Lv. 6.9, 12, 13).

3.1.4. Obediência à ordem dada

A condição para que aquele pequeno grupo de homens e mulheres recebesse o batismo no Espírito Santo era de obedecer às instruções de Jesus (Lc. 24.49). O próprio escritor Lucas, ao escrever o Livro de Atos dos Apóstolos, concluiu ser Jerusalém a cidade de espera (At. 145). E o apóstolo Pedro confirmou essa verdade diante do Sinédrio de Jerusalém (At 5.32). A obediência a Deus e à Sua Palavra só produz bênçãos na vida do cristão.

3.3. Evidências do batismo

São muitas as evidências do batismo no Espírito Santo na vida de uma pessoa, porém a que claramente identifica aquele que foi batizado é o falar em línguas. Acrescentamos, ainda, que o crente batizado no Espírito Santo passa a ser testemunha ousada (At. 1.8; 4.31), sabe enfrentar oposições (At. 4.7-9), não tem medo das afrontas (At. 7-55-60), tona-se ainda mais adorador e glorifica a Deus e a Jesus em todas as circunstâncias (At. 2.11; 10.44-47; 1 Co. 14.2,4,5).

Portanto, o sinal invariável do batismo com o Espírito Santo é o falar em línguas. E isso não acontece só no dia em que o crente é batizado, mas ele continua a falar em mistério com Deus porque permanece cheio do Espírito Santo.

 

3.3.1. Conseqüências do batismo

Esse poder, outorgado à igreja, não deve ficar limitado aos templos, alegrando os cristãos em cultos avivados, mas, sim, levar a igreja a cumprir a ordem de Jesus (Mc 16.15). A igreja avivada é evangelizadora, missionária, não é omissa na pregação do evangelho.

O crente batizado no Espírito Santo enfrenta com poder as oposições do adversário, enfrenta as oposições à pregação do evangelho e aprende que o poder e os dons espirituais, concedidos por graça, devem ser usados para edificação, fortalecimento e crescimento da igreja do Senhor aqui na terra.

É claro e evidente que todo crente, desde o dia em que aceitou a Jesus como seu único e suficiente Salvador, recebe o Espírito Santo, e o seu corpo passa a ser templo e morada do Espírito (I CO. 3.16; 6.19); logo o batismo com o Espírito Santo não salva. E revestimento de poder para se testemunhar e pregar com autoridade o evangelho.

Assim como a igreja primitiva viveu o real avivamento que somente o Espírito Santo dc Deus proporciona, é preciso que a igreja moderna não se esqueça de buscar o Consolador com insistência.

 

AUTOR E PROPÓSITO FINAL DO LIVRO

          A única obra que em todo o Novo Testamento se apresenta como continuação de outra é Atos dos Apóstolos (At.). O autor, identificado tradicionalmente com Lucas, não quis dar por concluído no seu primeiro livro o relato “dos fatos que entre nós se realizaram” (Lc. 1.1), mas, no seu segundo volume, recopilou a informação que teve ao seu alcance sobre os inícios da propagação do Cristianismo.

Praticamente, Atos começa no ponto em que termina o terceiro Evangelho. Depois de uma introdução temática (1.1-3), que inclui a dedicatória a Teófilo (Lc 1.3), o autor situa a narração no cenário de Betânia (Lc. 24.50), onde à vista dos seus discípulos “foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos” (At. 1.9).

 

Conteúdo

         O acontecimento da ascensão aparece marcado para Lucas pela afirmação de Jesus “e sereis minhas testemunhas” (1.8). Sob o signo dessas palavras irá desenrolar-se a história inteira da Igreja nascente. A ascensão assinala o começo da atividade do Espírito Santo na Igreja, a qual é edificada sobre o fundamento da fé em Cristo e guiada adiante até a sua plenitude gloriosa de novo povo de Deus.

          O título Atos dos Apóstolos, que não foi posto no texto pelo seu próprio autor, mas pela Igreja do séc. II, não corresponde em todos os seus aspectos ao conteúdo da narração. Com efeito, o livro só ocasionalmente ocupa-se com o grupo dos Doze (incluído já Matias, de acordo com 1.26). A sua atenção não se dirige aos apóstolos em geral, senão em particular a determinados personagens, especialmente ao apóstolo Pedro e, sobretudo, a Paulo.

          Os trabalhos e discursos de Pedro e de Paulo são os principais centros de interesse de Lucas. O seu propósito é documentar os primeiros passos da difusão do evangelho de Jesus Cristo e o modo pelo qual o Espírito de Deus dava impulso naquele tempo ao crescimento da Igreja “tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (1.8).

          Jerusalém é o lugar onde começa a história da atividade apostólica. Ali é onde se congrega e organiza a Igreja-mãe; ali se dão as primeiras manifestações do Espírito Santo; ali morre Estevão, primeiro mártir da fé cristã; ali se escutam as primeiras mensagens evangélicas, e dali partem os primeiros enviados a anunciar fora dos limites palestinos a mensagem da salvação. A esses acontecimentos e ao desenvolvimento da comunidade de Jerusalém aparece estreitamente vinculada a pessoa de Pedro.

          No entanto, mais interessado ainda se mostra Lucas na figura de Paulo, o missionário, o homem que foi capaz de renunciar aos seus antigos esquemas mentais e religiosos para, de todo o coração, proclamar a Jesus Cristo diante de quantos quiseram escutá-lo (At 13.46; ver Rm 1.16; 1Co 9.20; Gl 2.7-10). A fé e a vitalidade de Paulo representam para Lucas a energia interna do Evangelho, que em breve e de forma irresistível haveria de alcançar o coração do Império Romano. A chegada de Paulo a Roma (28.11-31) põe ponto final a Atos dos Apóstolos, um drama velozmente desenrolado que partiu com ímpeto de Jerusalém poucos anos antes.

 

Divisão do livro

O conteúdo do livro admite diversas análises, baseadas nos movimentos dos seus personagens mais importantes. A partir dessa perspectiva histórico-geográfica pode-se dividir o relato em três etapas diferentes:

          Primeira etapa: Jerusalém (2.1—8.3). Depois da ressurreição e da ascensão de Jesus ao céu (1.4-11), Jerusalém é cenário da formação do núcleo cristão mais antigo da história (1.12-26). Ali veio sobre os discípulos o Espírito Santo no dia de Pentecostes (2.4), e ali se deram os primeiros passos para a organização da Igreja (2.41—8.3).

          Segunda etapa: Judéia e Samaria (8.4—9.43). A perseguição contra os cristãos desencadeada após o martírio de Estevão (6.9—7.60) obrigou muita deles a saírem de Jerusalém e a se dispersarem “pelas regiões da Judéia e Samaria” (8.1). Esse fato veio a favorecer a propagação do evangelho, que já por aquele tempo havia alcançado diversos pontos da Síria e Palestina (4.4-6,25-26; 9.19,30-32,35-36,38,42-43).

 

          Terceira etapa: “até aos confins da terra” (10.1—28.31).

 a) Deus, no caminho de Damasco, havia chamado Saulo de Tarso (7.58; 8.1,3; 9.1-30; 22.6-16; 26.12-18), para fazer dele “um instrumento escolhido para levar” o nome de Jesus aos gentios (9.15). Por outro lado, os crentes “que foram dispersos por causa da tribulação que sobreveio a Estevão se espalharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia” (11.19), e desse modo abriram-se as portas ao evangelho em lugares até então totalmente pagãos.

 

b) Paulo empreende a sua atividade missionária. No transcurso de três viagens, percorre territórios do sul e oeste da Ásia Menor, penetra na Europa pela Macedônia e chega até a Acaia (13.1—14.28; 15.36—18.22; 18.23—20.38). A sua passagem está marcada pelo nascimento de novas igrejas, de que ele é, primeiro, fundador, e depois, mentor e conselheiro e com as quais mantém um cordial relacionamento, seja em pessoa ou por escrito.

          c) Ao término do seu terceiro percurso apostólico, regressa a Jerusalém (21.1-15), em cujo Templo é preso (21.27-36). Os últimos caps. de Atos descrevem com especial detalhe os incidentes da viagem de Paulo a Roma, aonde o conduzem para ser julgado perante o tribunal imperial, a que ele havia apelado fazendo uso do direito que lhe outorgava a cidadania romana (22.25-29; 23.27; 25.10-12). O livro conclui com a chegada do apóstolo a Roma e o início da sua atividade naquela cidade (28.14-31).

O autor de Atos manifesta-se em ocasiões como testemunha presencial do que está relatando. A narração utiliza então a primeira pessoa do plural: “nós” (16.10-17; 20.5—21.18; 27.1—28.16), de modo que o escritor inclui-se entre as pessoas que acompanham o apóstolo no seu trabalho.

Estilo literário

O estilo de Atos é elegante e rico em vocabulário. Lucas possui um notável domínio da gramática e dos recursos lingüísticos do grego de seu tempo (koiné) e, inclusive, do clássico (ático). Talvez o conjunto da sua obra seja representativo dos primeiros esforços realizados para apresentar a fé cristã aos níveis mais cultos da sociedade romana. 

Lugar data e composição

 Não existem dados que permitam precisar a data nem o lugar da composição deste livro. Muitos pensam que foi publicado uns vinte e cinco ou trinta anos depois da morte de Paulo, aproximadamente durante a década dos anos oitenta.

Esboço:

Prólogo (1.1-26)

1. Pregação do evangelho em Jerusalém (2.1—8.3)

a. O primeiro Pentecostes cristão (2.1-42)

b. A vida dos primeiros cristãos (2.43—5.16)

c. As primeiras perseguições (5.17—8.3)

2. Pregação do evangelho em Samaria e Judéia (8.4—9.43)

3. Pregação do evangelho aos gentios (10.1—28.31)

a. Atividade de Pedro (10.1—12.25)

b. Primeira viagem missionária de Paulo (13.1—14.28)

c. A assembléia de Jerusalém (15.1-35)

d. Segunda viagem missionária de Paulo (15.36—18.22)

e. Terceira viagem missionária de Paulo (18.23—20.38)

f. Prisão de Paulo e viagem a Roma (21.1—28.31)

>>>>>leia Cartas aos Tessalonicenses